Terceiro ano, estudar, estudar, revisar, dissertar e ler clássicos. Isso é básico. Sou apaixonada por Castro Alves, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo (por influência da Kami), Manuel de Macedo José de Alencar... Só que não me passava na garganta Iracema. Eu AMO Senhora e Lucíola, Viuvinha e Cinco Minutos, só que tudo o que eu ouvia sobre Iracema só me deixava irritada. Martim era um filho da mãe, Iracema uma burra, José de Alencar um bobão ao desperdiçar talento com isso.
Aí eu mordi a língua.
Peguei Iracema pra ler hoje de manhã. Meu professor de história faltou, então pude ler bastante. Quarenta e cinco minutos depois, li as cem páginas de Iracema. Me pergunto por que até hoje não temos uma novela, uma minissérie, um filme que retrate fielmente esse livo.
Porque é lindo. Não, não chorei, não, não ri, não, não me diverti. Não consegui reagir. Alencar me envolveu de uma maneira que não consigo explicar. Eu não senti nada até que acabasse a última página e, até agora, ainda não entendi o que senti lendo Iracema. Dói, de vez em quando. Mas também me faz sorrir. Me faz pensar.
Por que não há um filme sobre Iracema? Ou Dom Casmurro? Como houve com o livro A Casa das Sete Mulheres, por maiores que tenham sido as alterações para aplicar o livro à TV. Iracema merece. Dom Casmurro (por mais que me irrite, ainda me fará morder a língua) merece. São o retrato do Brasil. Grande Sertão: Veredas devia ter uma nova versão cinematográfica por ano. Há algo mais genial que Guimarães Rosa? Por que Navio Negreiro de Castro Alves é tão pouco lembrado nas telas? Por quê, por quê?
Porque as pessoas são como eu, preconceituosas. Só perceberão as dimensões dos clássicos brasileiros quando o vestibular da UnB te forçar a ler tudo.
Iracema é lindo. Não é uma história de amor, é uma história de vida. Cheia de caprichos, de sentimentos à flor da pele, da inconstância do ser humano. Tinha que ser o Alencar. Ele sempre foi o meu escritor favorito, mas, hoje, ele se superou de um jeito inimaginável. Ao menos, pra mim.
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